Metamorfose e a volta...

Resgatando o espaço que começou em 2014. Perderam-se muitas coisas, de lá até aqui. Mais uma retomada a começar - o que significa um tanto de conteúdo a ser trazido para aqui.

Você fugiu da tristeza e a deixou na minha companhia

Pela rua que você se foi, nem mesmo o fantasma da madrugada voltou a passear...
A saudade fez caminho de lágrimas,
Onde escorreu, queimou e derreteu
Não houve pedra feita que pôde se sustentar...

"Quando Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas"

Demorei para entender que o nosso Deus não está indiferente comigo quando as coisas não acontecem como as tinha desejado. Aprendi que nas horas angustiantes, preciso pedir que Ele me ajude a atravessar, e não confrontá-lo ou pôr em dúvida a sua bondade (até porque, amigo não pode ser amigo somente na alegria). 

Mas para entender o porque "Deus permite que os descarrilamentos da vida" aconteçam, principalmente com seres inocentes, é preciso considerar que as vezes Ele opta por não ser onipotente (sei, dizer isso parece uma afronta, mas é preciso ter humildade e coração flexível pra compreender). 

Os nossos desejos também são os desejos de Deus (claro que Deus não deseja os nossos desejos odiosos e injustos...). E Ele quer que a gente deseje, sonhe... Se não fosse assim, então Ele seria somente um controlador que gosta de abater quem discorda dos seus desejos. E eu sei que não existe a possibilidade do amor compactuar com o autoritarismo.

E sobre não ser onipotente, Deus não está preocupado em manter intacta a figura massacradora de questionadores e pecadores, que lhe atribuíram. 

Ele quer ser acessível aos que clamam e precisam de abraços e braços para carregarem os fardos. 

Quando nós perdemos a batalha (quem dera fosse absoluta a justiça poética) o Criador a perde junto conosco. Ou realmente acha que existe a possibilidade dEle sentir-se confortável, enquanto nós definhamos-nos em dores?

Indicação de um livro (que uma pessoa muito incrível me indicou) necessário pra quem já se esbravejou com Deus (é também o que fala sobre desconsiderar a onipotência, que citei anteriormente): "Quando Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas", Harold Kushner  

"Harold Kushner é um conceituado rabino norte-americano, autor de diversas obras, que, após a insuperável tristeza de perder o filho, sentiu-se compelido a explorar seus sentimentos mais profundos e a questionar o sentido da vida. Nenhuma novidade, não fosse a maneira brilhante de sua abordagem que, sob a óptica da filosofia, da psicologia, da ciência e da história, considera todos os aspectos do mal que atinge indiscriminadamente crentes e descrentes, questionando a existência de Deus, a razão de seus desígnios e de nossa fé. Não se trata, de forma alguma, das palavras de um homem ferido pela dor, revoltado com Deus por não ter impedido a morte de seu filho. Kushner é absolutamente lúcido e racional, mas sem jamais deixar de acreditar na existência e na importância de Deus em nossas vidas. A lição que ele nos passa em Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas é a de que a vida pode ser de fato muito difícil, mas não há outra forma de ser humano, e ela pode se tornar ainda mais dura sem a compreensão que se deve ter de Deus e sem o amparo da fé."

Apetite

(Para ler no contexto da sua fome)

Comi, sem performar feminilidade
agonizando a miséria por deixá-la sem abrigo
faminta como o ímpeto de um novo rico.
Bebi, até que, o que jorrava passou a gotejar.
E nada comprometeu a minha consciência.
Valeu cada caloria.

Nem só extremo, nem só escasso

No centro da ponte de travessia da dicotomia, também há vida desejando ser vivida.

A tua parte que me escapa

A fala que levou tempo sendo talhada no silêncio, agora naufraga na tua garganta.

A vida pode ser insalubre

você parece tão perto de se rebentar, como quem esteve cativo no suor de mãos grosseiras que não souberam se regozijar no sabor da sua polpa. você nunca deveria ter esquecido de dizer como é que gosta de ser amado.