03/04/21

Monólogo da Esperança II

Eu moro onde não mora ninguém

Onde a ordem de despejo não chega, 

pois não há o que se requerer

Eu moro no suor que resiste e não morre na trama do tecido

Onde o relógio só tem o ponteiro dos minutos

Na resistência da erva que nasce nos rasgos do asfalto

Na artéria entupida esmagando o fluxo sanguíneo

Moro nos arrepios e nas rendições aos tesões

Nas mão que curam, ensinam, fundem,

que pavimentam caminhos e edificam pontes

Eu moro na solidão e no coro dos contentes

Na cicatrização da ferida

Moro na utopia que passa pela sua língua e atravessa os seus lábios

No batuque solitário do seu coração

Moro nas dores do ventre que parirá um filho 

Eu nasço na coragem

Eu cresço na falta da liberdade

Nas rugas e fugas, nas voltas e revoltas.

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