Eu poeta, você poesia?
Se eu te escrevesse na janela do carro com hora marcada no lava-rápido,
na areia da calçada a ser pisoteada,
na folha que a gordura do pão se espalha,
no jornal com uma notícia direta da sucursal do inferno?
Eu poeta, você poesia?
Se eu te prendesse dentro do fogo,
num labirinto sem fuga,
à uma conta com milhões amaldiçoados?
Vivendo saudade, te libertaria pra voltar
Na solidão, desistiria de querer te despertar?
Você, poesia?
Nem se tivesse a graça de nascer nas cordas vocais de Maria Bethânia.
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