Usei o último saldo. Passou o último ônibus do bairro. Cheguei ao último instante da hora. Pisei na última loja aberta. Compraram o último par de alianças.
- "É tarde!"
- "A hora ou as alianças?"
Vagando pelas ruas acena-me a Lua; acendem-se os faróis no obscuro da noite. Apresso-me e chamo os teus passos ao lado dos meus.
Ouço um caminhar sereno, anunciando que está aqui. Mas, se fosse você, pisaria com mais certeza.
Certeza! Que não atropelaria as flores e as lesmas do caminho.
É o medo.
Agarro-me à última coragem enquanto balbucio a última canção feita para a solidão - que deve ser o suficiente para eu não tropeçar no caminho.
Há uma última luz acesa na minha rua; há todas as luzes acesas no meu peito.
Volto no outro dia. É cedo, mas descansou o último garimpeiro.
É tarde...
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