Me roubaram o sonho,
O entusiasmo
E o nome intransferível.
Me cortaram as asas no percurso do voo
e o céu despencou em chuva de choro.
Minha língua expele amargura.
Não há beijo com paladar que me beije,
não há carinho mais marcante que as pedras sobre minha cabeça,
não há corpo macio que meus ossos possam repousar.
Minha salvação não vale os meus amores
e as injustiças não merecem minha salvação.
Me tiraram o direito da morte,
Porque em meu nome não há terra para que me cubram.
O que podia ser salvo fracionei entre os pedintes.
E o restante de meu tempo
Meu sangue
Minha carne
Apodrecem de dentro pra fora e até o odor se abstém de mim.
Ceifaram tudo,
Meu descanso em paz.
Há tempo que o luto tem a chave de casa
e ensaia a cerimônia triunfal.