29/01/22

Nem bruxa, nem fada

O relógio, juiz do tempo, imparcial tique-taquea para o paciente paliativo e para o indivíduo saudável. Por que eu… eu, mais uma mera semelhança humana, precisaria ser parcial com alguma causa ou coisa?

Eu queria poder ser mágica e também desencantada; nem bruxa, nem fada; me afixar no ponto mais central para não correr o risco de pendular para qualquer outra parte. Até que, por várias vezes, me deixaram com as palavras na boca; até que fui alvo, sem pedir nem saber; até que incorrespondida e perdidamente me apaixonei pela primeira vez. Todos eram parciais com os seus fatos favoritos.

Me percebi presa nas bordas exteriores, sem saber como participar. Escolher um time para a batalha não era minha virtude, mas mesmo que eu não jogasse, ainda poderia perder.

E sabe o quê? Não jogar, também era um jogo. Eu teria que me pôr a um lado, racionalizar a minha energia que seria consumida estando estática ou em queda livre.

Então ‘acordei’ querendo 'curar o mundo’ com uma 'massagem’ de cada vez - lúcida e despretensiosamente alucinada -, mesmo sabendo o quanto é lento, metódico e exaustivo.