Demorei para entender que o nosso Deus não está indiferente comigo quando as coisas não acontecem como as tinha desejado. Aprendi que nas horas angustiantes, preciso pedir que Ele me ajude a atravessar, e não confrontá-lo ou pôr em dúvida a sua bondade (até porque, amigo não pode ser amigo somente na alegria).
Mas para entender o porque "Deus permite que os descarrilamentos da vida" aconteçam, principalmente com seres inocentes, é preciso considerar que as vezes Ele opta por não ser onipotente (sei, dizer isso parece uma afronta, mas é preciso ter humildade e coração flexível pra compreender).
Os nossos desejos também são os desejos de Deus (claro que Deus não deseja os nossos desejos odiosos e injustos...). E Ele quer que a gente deseje, sonhe... Se não fosse assim, então Ele seria somente um controlador que gosta de abater quem discorda dos seus desejos. E eu sei que não existe a possibilidade do amor compactuar com o autoritarismo.
E sobre não ser onipotente, Deus não está preocupado em manter intacta a figura massacradora de questionadores e pecadores, que lhe atribuíram.
Ele quer ser acessível aos que clamam e precisam de abraços e braços para carregarem os fardos.
Quando nós perdemos a batalha (quem dera fosse absoluta a justiça poética) o Criador a perde junto conosco. Ou realmente acha que existe a possibilidade dEle sentir-se confortável, enquanto nós definhamos-nos em dores?
Indicação de um livro (que uma pessoa muito incrível me indicou) necessário pra quem já se esbravejou com Deus (é também o que fala sobre desconsiderar a onipotência, que citei anteriormente): "Quando Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas", Harold Kushner
"Harold Kushner é um conceituado rabino norte-americano, autor de diversas obras, que, após a insuperável tristeza de perder o filho, sentiu-se compelido a explorar seus sentimentos mais profundos e a questionar o sentido da vida. Nenhuma novidade, não fosse a maneira brilhante de sua abordagem que, sob a óptica da filosofia, da psicologia, da ciência e da história, considera todos os aspectos do mal que atinge indiscriminadamente crentes e descrentes, questionando a existência de Deus, a razão de seus desígnios e de nossa fé. Não se trata, de forma alguma, das palavras de um homem ferido pela dor, revoltado com Deus por não ter impedido a morte de seu filho. Kushner é absolutamente lúcido e racional, mas sem jamais deixar de acreditar na existência e na importância de Deus em nossas vidas. A lição que ele nos passa em Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas é a de que a vida pode ser de fato muito difícil, mas não há outra forma de ser humano, e ela pode se tornar ainda mais dura sem a compreensão que se deve ter de Deus e sem o amparo da fé."
