12/02/23

Desejos do fim do mundo

Em casa, à mesa

pedindo-me para comer

para ficar ao teu lado.


Eu fico!

Entrelaço nas pernas

pele, pêlo, pescoço.


Conte-me teus desejos do fim do mundo

que te sirvo, cedo, repito.


Todos meus cantos são teus

tudo, grita o teu nome:

suspiros, gemidos, arrepios.


Entrego-te suor jovem e juízo

E lembro de onde minhas mãos realmente são úteis:

escrevendo!


Poemas, impressões

digitais, arranhões

sem medo ou sentenças

sem pressa ou correntes.


Rendo-me a um vocabulário

que em outras circunstâncias não saberia nem ao meio

Que outro, não o compreenderia.


Repara-me os traços

e os músculos trêmulos no meu corpo.


Viva, ao vivo, escrevo-te

à minha maneira

meu best seller da vida inteira.

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